Irmão de Lula é vice-presidente em sindicato alvo de operação da PF contra fraudes no INSS
Irmão de Lula é vice-presidente em sindicato alvo de operação da PF contra fraudes no INSS

José Ferreira da Silva, o ‘Frei Chico’ é o número dois da nacional do Sindnapi, entidade apontada como beneficiada em fraude bilionária; entidade diz apoiar as investigações e irmão de Lula não se pronunciou
BRASÍLIA – O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) é um dos alvos da operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quarta-feira, 23, contra um esquema de fraudes bilionárias nos descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O diretor vice-presidente da entidade é José Ferreira da Silva, conhecido como “Frei Chico”, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Procurado, Frei Chico não se manifestou. Em nota, o Sindnapi, cuja sede fica em São Paulo, disse apoiar a investigação das denúncias investigadas pela PF. “Ajuda a identificar possíveis irregularidades, corrigir falhas e evitar que injustiças continuem acontecendo. Além disso, demonstra o compromisso das autoridades em proteger os direitos dos aposentados, promovendo confiança no sistema previdenciário”, disse a entidade. (Leia a nota na íntegra abaixo).
No organograma do Sindinapi, José Ferreira da Silva é o número dois da nacional operativa da entidade. Acima dele está somente o diretor-presidente, Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como “Milton Cavalo”.
Em fevereiro deste ano, o site do sindicato postou uma mensagem do seu presidente falando dos benefícios do empréstimo consignado. “A decisão da Previdência Social em aumentar o prazo de pagamento das parcelas do crédito consignado de 84 para 96 meses é uma medida que vai dar um alívio para aposentados e pensionistas que buscam empréstimos e poderão contar com parcelas menores, apesar de pagarem mais juros. Os aposentados, pensionistas podem comprometer até 45% do benefício com o consignado, sendo 35% ao empréstimo, 5% com o cartão de crédito consignado e 5% com o cartão de benefício. Já a margem de endividamento não foi alterada”, diz o texto.
A Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU) realizou buscas — com apreensões de carros, joias e quadros, além de dinheiro em espécie de “alto valor” — no Distrito Federal e em 13 Estados. Segundo os investigadores, 11 entidades participariam de um esquema que descontava mensalidades sem o conhecimento de aposentados e pensionistas ou que estes pensavam ser obrigatórias.
Desde 2016, os descontos alcançaram R$ 7,99 bilhões, e quase 100% deles foram irregulares. As entidades formalizavam Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS, o que permitia o desconto em folha dos beneficiários do órgão. Em muitos casos, a liberação era fraudada.

Fonte: www.estadao.com.br/